Na legislatura que está próxima de se iniciar, poderíamos, tal fosse a imposição do Legislativo Federal, pensar em uma reforma política que alterasse os termos da representação política da sociedade civil, com uma reformulação dos partidos e, por igual, do processo eleitoral.
Contudo, de um Congresso cada vez mais empobrecido, mergulhado numa absurda subserviência ao Executivo, é difícil acreditar-se na vontade para, com realismo, adotarmos novas normas capazes de aperfeiçoar a nossa frágil democracia.
Para que houvesse uma reforma adequada, precisaríamos reestudar, em primeiro lugar, as representações dos Estados na Câmara e no Senado. Depois, a divisão dos Poderes e, nesse âmbito, o presidencialismo e o parlamentarismo. O voto distrital para as eleições estaduais e o universal para as federais.
Hoje, na verdade, inexistem partidos políticos que de fato representem os vários segmentos da população. Ao invés disso, servem apenas às cúpulas partidárias e a seus interesses. As convenções são manipuladas e nos encontramos hoje na mesma situação criticada na velha república, quando também existia apenas comando divorciado dos eleitores.
De todos os chamados partidos que aí estão, o PT, foi o único que, quando fundado, instituiu os chamados “núcleos de base”, numa cópia, é verdade da organização da Igreja da Libertação. Contudo, na medida em que começou a se estruturar a burocracia do partido, os núcleos foram sendo esquecidos e hoje o PT é um partido como os outros, sem militância.
É realmente um desafio transformar os partidos atuais em correntes representativas da vontade popular. Tanto mais necessária para que se exerça realmente uma fiscalização eficaz dos poderes públicos.
Para tanto, a Justiça Eleitoral deverá ter poderes para fiscalizar os partidos, a fim de que eles não se percam, como agora acontece, nas mãos dos diretórios nacionais, fabricados segundo a vontade de grupos interessados em proveitos imediatos.
Talvez possamos ter um projeto apresentado pelo povo, para ser rediscutido em audiência pública no Congresso. E a Lei que porventura disso tudo resultar, submetida a um plebiscito ao fim de novas discussões públicas.
A impressão é que esse é o caminho para assegurarmos a duração de nossa democracia, para que tenhamos um presidente da República, governadores, prefeitos e legislativos com a coerência imprescindível a um Estado democrático de Direito.
Aí vai uma idéia. Compete a todos nós implementá-la.
Mais que uma reforma de representação política, precisamos mesmo implementar uma nova forma de participação política dos cidadãos.
ResponderExcluirComo mencionou, o PT se fundou usando o modelo que poderíamos considerar ideal, com câmaras participativas quer sejam por representação geográfica quer ser por temática.
Mas isso ao invés de se alastrar como prática para outros partidos, acabou indo à bancarrota no próprio PT.
O modelo democrático atual está superado, não há mais ideologia o que há é o marketing político que em essência é ridículo.
Mas para acabar com isso há que se repensar o modelo político, e todos sabemos que com a classe política atual isso não acontecerá.
O político no Brasil é praticamente obrigado a se vender aos apoios financeiros para se eleger, e daí fica refém de seus financiadores.
Isso não é democracia.
Parece-me que o capitalismo, cada vez mais selvagem, aliado a um homem mais e mais egocêntrico, conduz a coisa pública como se fôra privada.
Este quadro nos coloca numa sinuca de bico.
E não é somente um problema brasileiro, e da realidade mundial.
Caro Hélio, a situação atual é de tal forma absurda que nosso deputado estadual mais bem votado se elegeu com 1,13% dos votos. Bem, isso equivale a dizer que 98,87% dos eleitores NÃO o queriam deputado! Convenhamos, quem ele pode representar? Que vínculo eleitor-eleito isso tem? Que democracia é essa que coloca no topo alguém que 98,7% dos eleitores rejeitaram? (perguntas quase retóricas) Abçs, Gilson Bicudo
ResponderExcluirDr.Hélio: o senhor apoiou a Marina no primeiro turno e me disse que estaríamos juntos no segundo. Prometeu apoiar o SERRA no segundo turno. Está na hora do apoio, dr.Hélio!
ResponderExcluirCom carinho,
Délia Guelman
Caro Dr. Hélio,
ResponderExcluirA verdadeira reforma política (que, creio, como tal tem muito de bordão e pouco de propostas efetivas) se dará por uma reforma e democratização de mídia.
A escolha dos políticos eleitos passa percepção que se tem de suas atuações (por isso mesmo a sua proposta de mandato único não tem fundamento, pois elimina o essencial mecanismo de estímulo que é a reeleição ou não).
E essa percepção está muito embotada porque os seus canais têm sido um pequeno grupo midiático concentrado, poderoso e excessivamente conservador.
Interessante notar que o País seguia (e graças também ao Doutor talvez não seguirá) um caminho crescente de descentralização midiática, que culminaria com a disseminação da banda larga.
Basta ver os números disponíveis aqui http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/04/24/gasto-de-lula-com-publicidade-sobe-48-em-6-anos-286287.asp
E, para ver as tabelas com os gastos anuais em publicidade nos últimos 9 anos, ver aqui: http://uolpolitica.blog.uol.com.br/arch2009-05-10_2009-05-16.html.
Corroborando o que escrevemos sobre a má qualidade da mídia temos o título do primeiro texto: "Gasto de Lula com publicidade sobe 48% em 6 anos".
Analisado à luz do segundo texto vemos que o autor toma o menor valor de gastos, em 2003, calcula-o a partir de 2009 e chega a conclusão de que o governo Lula vem promovendo a maior gastança em publicidade.
Só que deliberadamente ele não informa que os valores de face dos gastos têm sido relativamente estáveis em torno de R$ 1 bilhão por ano desde os três últimos anos de FHC até 2009, exceto 2002 e 2003, nesse caso talvez motivados por eventual crise econômica vivida no período.
E também NÃO informa, ainda, que a inflação de 2003 a 2009, segundo o IBGE/INPC foi de 33%.
E, para culminar, dá uma notícia positiva como sendo negativa, falando num aumento de 1.312% no número de veículos de comunicação beneficiados, que pularam de 499 para 7.047 em todo o País, de 2003 a 2009.
Ora, houve uma disseminação de estímulo midiático e, por extensão, o início dessa reforma política por sua raiz mesma, que é o meio de verificação do desempenho dos políticos.
Evidentemente que há um mundo a ser trabalhado nisso, mas sem dúvida segue-se no caminho certo.
Mas eu temo que tudo se perca em grande parte a partir da eleição caso tenhamos a vitória de um grupo excessivamente conservador como o representado pelo Serra.
E, entristece, vê-lo cooperando para isso, pois os piores inimigos são os ex-amigos.
Atenciosamente
Prezado Dr. Helio Bicudo,
ResponderExcluirSua trajetoria me impede de trata-lo como tenho tratado inumeros PSDBistas, pois o respeito muito.
Mas o senhor me decepcionou muito ao aderir a campanha do maior partido de direita do Brasil.
Entendo que o senhor esteja contrariado com o PT e compania, mas dai a apoiar o que tem de mais retrogrado no Brasil, vai longe.
Me despeço bastante decepcionado.
Antenciosamente, Paulo Praxedes