segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A PM e os estudantes

A Data Folha publicou o resultado de uma sua pesquisa a propósito das relações polícia-povo, no qual se percebe uma distorção ao contrapor PM e estudantes.


Na verdade, não se discute a necessidade da polícia nas comunidades que compõem a sociedade paulistana. Estas, como qualquer aglomerado público, precisam de segurança para atingir seus objetivos qualificados pela paz e pela justiça. Polícia, entretanto não é PM.


Como está organizada, a PM paulista não objetiva a segurança dos cidadãos, mas sim uma repressão generalizada, esquecida de que sua função é, sobretudo, a de proporcionar um ambiente pacífico, onde cada um possa exercer suas atividades para alcançar objetivos pessoais e comunitários, num cenário que propicia o seu desenvolvimento.



A polícia deve ter por princípio abrir espaços para a livre manifestação dos anseios das comunidades. Não pode, destarte, generalizar suas atuações dando ênfase a seus aspectos repressivos.


Para tanto, os policiais têm de conhecer as pessoas as quais devem propiciar segurança. Ora, no sistema atual, o policial não conhece a estrutura dos setores em que deve atuar.


Hoje ele está designado para o bairro de Santana. Amanhã deverá estar escalado para o Centro. Não lhe é dado conhecer a comunidade à qual policia. Uma coisa é estar nas ruas de Perdizes, outra de exercer vigilância ao longo da Avenida Brigadeiro Faria Lima; ainda outra nas imediações das escolas; e, ademais, no complexo da Cidade Universitária.


A PM, que não está preparada em geral para exercer a segurança nas ruas da cidade, também não está habilitada a impor suas regras, muitas delas ilegais, a uma comunidade de estudantes. Quando estes dizem desejar a polícia, não quer dizer que busquem a PM. Na situação atual, querer polícia não quer dizer querer a PM.
Para polícias – atuação preventiva – os milicianos devem compatibilizar sua atuação com as peculiaridades das diferentes áreas em que exercem suas funções. Não se trata de tramar uma guerra contra o povo, mas de estar a seu lado.
A polícia tem de conhecer a área onde pisa e não atuar atabalhoadamente, misturando “alhos com bugalhos”.  Não pode tratar um estudante, no interior da Cidade Universitária, como se fosse um delinquente foragido da justiça.


É a velha historia: a aparência qualifica as pessoas; cidadãos que vivem na simplicidade não são considerados, pois para eles a lei não existe. Todos são iguais perante a lei, diz a Constituição, mas para a polícia tem aqueles que são iguais e outros nem tanto...


Em resumo: para haver um policiamento eficaz é preciso que o agente da lei conheça as pessoas para não igualar por baixo (como se todos fossem marginais), tendo em vista a sua mera aparência.
Já se disse que uma pessoa mal vestida é suspeita enquanto anda – se corre é culpado
Querer polícia não é querer a PM. É nesse ponto que a imprensa se confunde.


Quando o estudante diz; eu quero polícia, ele está dizendo que quer segurança e não que deseja a intervenção de uma PM despreparada para lidar com os vários segmentos da sociedade.

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