quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Minha Biblioteca

Sempre gostei de livros. Na minha infância, comecei com “Narizinho”, de Monteiro Lobato, e li os que lhe seguiram. Passei depois para livros de aventura: Tarzan, Capitão Blood, Beau Geste, Beau Sobreur, Os Três Mosqueteiros, Miseráveis, Máscara de Ferro, a ficção científica de Júlio Verne, até chegarmos aos nossos José de Alencar, Machado de Assis e também os portugueses Júlio Diniz e Alexandre Herculano. Depois vieram os nossos contemporâneos Graciliano Ramos, Jorge Amado, Eça de Queiroz e José Saramago. São apenas alguns autores, dentre outros, cujos livros guardei. Isto, sem contar nossos poetas e ensaístas.
Vem depois a Faculdade do Largo de São Francisco e os livros de Direito adquiridos aos poucos na antiga Livraria Saraiva, onde Jorge e seus irmãos vendiam obras jurídicas a prazo, a perder de vista, aos estudantes sempre sem dinheiro.
Assim, e também em decorrência de minha carreira de promotor público, fui acrescentando ao que já possuía livros técnicos de Direito, desde os juristas brasileiros, como Nelson Hungria, até os alemães, italianos, franceses, espanhóis e argentinos.
Hoje, nessa miscelânea, devo ter uns três mil volumes, pouco mais ou menos, porque nunca contei.
Nos últimos dez anos, pelas exigências de minha atuação na área dos Direitos Humanos, consegui organizar um pequeno acervo nesse campo tão pouco explorado do Direito. Guardei documentos escritos enquanto membro do Ministério Público; nas atividades que exerci nos governos estadual, federal e municipal durante a militância no Partido dos Trabalhadores; durante meus mandatos na Câmara dos Deputados e na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Por último, no Centro Santo Dias de Direitos Humanos e na Federação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos (CidDH).
Chegado aos oitenta anos, comecei a matutar sobre como compartilhar tantos livros e o acervo de documentos com aqueles que estão iniciando suas jornadas. Entendi que seria importante tirar todo esse acervo da imobilidade ou do acesso exclusivo da minha família. Livros não mais manuseados e documentos de nossa história recente poderiam ser talvez de utilidade para os jovens que buscam no Direito a realização da Justiça.
Foi com esses pensamentos em mente que me aconselhei com nosso arcebispo Dom Odilo Scherer e, depois, aceitando sua sugestão, optei por doar à Arquidiocese de São Paulo meus livros e documentos, os quais nosso Pastor entendeu entregá-los, a maioria, à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Os documentos relativos à minha atuação junto à Igreja, irão para a Biblioteca da Cúria Metropolitana.
Estou muito feliz com a maneira pela qual, num futuro sem limites, estarei contribuindo pelo aprimoramento ético e jurídico das novas gerações. E por isso estou também muito grato a Deus.

Um comentário:

  1. Dr. Hélio
    Desde a minha tenra infância aprendi a admirá-lo através dos ensinamentos de meu pai.Sempre tive a imagem guardada em minha mente do homem culto e humano que és.A verdadeira biblioteca encontra-se presente nas inúmeras conexões neuronais em seu cérebro,uma Alexandria Brasileira patrimônio da humanidade.Aproveite as facilidades tecnológicas e comece nas horas vagas a gravar o seu pensamento como legado as futuras gerações.
    Um grande abraço

    Mário Augusto

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