O MST é, atualmente, o movimento social popular de maior relevância no País. Esse aspecto por si só explica as violências que vem sofrendo para que o problema fundiário passe a ser comandado pelas grandes empresas que se derramam no campo e na indústria da alimentação, muitas vezes com o apoio da própria administração pública. Lembremo-nos, a propósito, de Corumbiara, Eldorado de Carajás e de outros lamentáveis episódios qualificados pela violência dos agentes do Estado.
Afora alguns excessos ocasionais, próprios dos movimentos de massa, o MST vem evoluindo na sua trajetória, transformando-se em agente do desenvolvimento do País, ao criticar práticas do chamado agro-negócio, que se curva às imposições dos grandes grupos produtores dos venenos que contaminam a alimentação de todos nós.
Esses grupos, seguidos por quantos pretendem transformar a propriedade da terra em mero insumo, vêm ganhando espaços no Parlamento brasileiro, no Executivo e nas manifestações da mídia, buscando caminhos supostamente legais para a criminalização dos movimentos populares que se batem por uma reforma agrária democrática. É o que se viu nas alterações consentidas do III Plano Nacional de Direitos Humanos, para facilitar a imposição de medidas que dificultam a disponibilidade de terras ociosas.
São agentes que atuam em simbiose com a própria terra para dela erradicar os frutos de uma agricultura sadia, compromissada com o meio ambiente, vale dizer, com a manutenção da floresta (fauna e flora) e dos recursos hídricos, como vertente crucial na preservação da vida.
Mesmo bloqueados pelos proprietários dos grandes latifúndios, por uma propaganda negativa comandada pelos setores mais conservadores da sociedade, os responsáveis pelos destinos do movimento por uma autêntica reforma agrária desde há alguns anos vêm implantando políticas para que não se percam as conquistas obtidas com tanto suor, sangue e lágrimas.
Prova disso é a construção da Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema, nas proximidades da capital paulista.
Não se trata de uma escola que se preste a preparar invasores, como os donos da agricultura podem fazer crer. É uma escola que recebe trabalhadores do Brasil e de vários paises, em geral da América Latina, e os prepara para os embates decorrentes de uma imposição democrática como, por exemplo, a reforma agrária.
Para tanto, tem obtido o concurso de especialistas, notadamente do campo jurídico, onde mais são agudos os enfrentamentos e mais conservadores são os juizes e tribunais.
Neste instante, o MST está convencido de que, a não ser excepcionalmente, a luta dos trabalhadores deve evoluir da posse pura e simples da terra, para a industrialização de seus produtos, isentos de agrotóxicos e, por isso mesmo, com a qualidade exigida pela boa saúde das comunidades.
Está, assim, o MST, numa fase importante de sua existência: passar do plantio para o aproveitamento industrial daquilo extrai da terra e nesse enfoque prioritário pode e, sem dúvida, vai dar um exemplo para uma agricultura voltada para a excelência, tendo em vista não apenas o consumo, mas o consumo consolidado por um desenvolvimento agrícola sustentável.
A Escola Florestan Fernandes precisa ser conhecida e apoiada, pois ali estão se forjando líderes esclarecidos, capazes de transformar a sonhada reforma agrária em algo de concreto para os militantes dos movimentos campesinos, abrindo novas perspectivas para a democratização não apenas da terra, mas da agricultura como um todo.
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